domingo, 19 de setembro de 2010

Atormentado coração. O silêncio.


Hoje está tudo calado. Silencioso. Talvez seja somente o meu coração. Não sei mais nada desde então. O coração fechado dentro de si. A vida foge-me pelos dedos. Os dedos palpitantes da alma. Um coraçãozinho de prata esburacado. se voar – asas partidas – há alguém que me apanhe? Uma ferida aberta por onde a vida não passa e que a morte ignora, impaciente. Se houvesse tempo, se houvesse forças, se houvesse quem, se houvesse como, fá-lo-ias?

O coração trava-se, o coração desespera-se, inquieta-se, martiriza-se, entorna-se nos seus pensamentos, vertiginoso, engole-se de silêncio, devora-se ao prender-se ao ritmo, desaperta-se, encolhe, murcha, apodrece, grita, salta, arranha-se, mutila-se, apunhala-se, viola-se, magoa-se, ausenta-se, amarra-se, tortura-se, luta, desiste, chora, cai, palpita, pára.

Silêncio. Doce e eterno silêncio. Quando as vidraças se abrirem na manhã do amanhã, existirá quem vocifere quem barafuste, quem se interrogue, quem fuja, quem corra, quem passe, quem ignore, quem continue, quem desista. Existirá quem ame, quem odeie, quem viva, quem morra, mas o silêncio, o silêncio não vive nem morre, atormenta. Atormentará o coração na sepultura das palavras e afugentará o calor daqueles que vêm e daqueles que vão, sem saberem o que fazem nem onde estão.



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